A Pastoral do Migrante do Regional Sul II (Paraná) realizou nos dias 28/02 e 01/03 o I Encontro da Formação para Novos Agentes da Pastoral do Migrante, momento que aconteceu em Londrina, no norte do Estado, e teve o intuito de fortalecer o trabalho em rede das dioceses, compreender as novas dinâmicas migratórias do país e apontar caminhos para a Semana do Migrante, que acontecerá em junho.
Contando com aproximadamente 35 agentes de Pastoral e 6 dioceses, o encontro iniciou-se com as boas vindas do arcebispo local, Dom Orlando Brandes, e teve o sábado (28) dedicado à formação sobre a realidade migratória e debates. Encerrando o dia, o grupo celebrou a Santa Missa junto à comunidade do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que foi berço do trabalho com imigrantes na Arquidiocese de Londrina pelas mãos dos padres scalabrinianos. No domingo, o dia foi dedicado à partilha das realidades locais e encaminhamentos.
Comentando sobre a importância deste momento, Márcia Ponce, da Cáritas e coordenação do evento, destacou: “A iniciativa traz uma resposta a este novo momento em que estamos vivendo no Brasil de intensa migração e a Igreja precisa estar organizada para dar uma resposta a estes migrantes quando a Campanha da Fraternidade traz essa “Igreja em saída”. A Pastoral do Migrante tem uma trajetória importantíssima da Igreja na sociedade, mas precisamos nos organizar melhor nas comunidades e este momento é fundamental, mesmo com todos os desafios”.
A respeito desta relação entre Igreja e Sociedade, o convidado José Alves Pereira, Doutor em Sociologia e pesquisador do Centro de Estudos Migratórios da Missão Paz (projeto que recebe o maior número de imigrantes no país, em São Paulo), frisou que a Igreja não deve ser a única responsável pelo trabalho de acolhida e mediação destes imigrantes, mas destacou o papel dela: “A Igreja não tira a responsabilidade do poder público, principalmente a respeito dos direitos humanos. Se não tivéssemos esta atuação da Igreja no Brasil a questão migratória hoje no país estaria uma tragédia, para além das dificuldades que já enfrentam”.
A partir destes impulsos, sobretudo pelo momento proporcionado pela Campanha da Fraternidade com o tema do “serviço” junto à sociedade, a Igreja-migrante do Paraná comprometeu-se com a construção de um ambiente mais humano para estes novos cidadãos que chegam ao país e uma busca constante pelo trabalho em rede com a sociedade civil e o poder público.
Na lida com o trabalho de acolhida direta aos imigrantes, o coordenador da Pastoral do Migrante de Curitiba, Pe. Agler Cherisier, scalabriniano haitiano, disse que o encontro “ajudou a fortalecer a metodologia do trabalho em rede, pois a Pastoral não pode fazer tudo sozinha. Junto com pessoas comprometidas podemos fazer muitas coisas”. Com este ânimo para o trabalho cotidiano e motivados pela Palavra de Deus, os participantes voltaram a suas casas no domingo (1º) com um gostoso almoço e esperança no coração.
Otávio Ávila (Pastoral do Migrante Curitiba)